ARTIGOS

Como a escola e os pais podem formar (juntos) um bom aluno

Maria Helena Bresser * 
Pedro e Paulo eram vizinhos e amigos. Com diferentes famílias, diferentes hábitos, estudaram em diferentes escolas, tiveram diferentes destinos. Pedro passou no vestibular com honras, foi acolhido por uma grande universidade, concluiu mestrado aos 30 anos, fala inglês e espanhol e é um profissional disputado por empresas modernas. Paulo não teve a mesma "sorte": o cursinho levou-o a uma má faculdade, e, de entrevista em entrevista, percorre um áspero caminho para ingressar no mundo do trabalho. À noite, freqüenta cursos de língua e informática.

A pequena história acima, embora fictícia, é perfeitamente verossímil. Mais do que isso: é cada vez mais provável, no cenário contemporâneo. Principalmente porque o elemento que diferencia os dois destinos é o mesmo: a Educação, em casa e na escola. Como poderia ser diferente? Teria sido apenas a boa ou má qualidade do Ensino Médio, do cursinho? Uma questão de "inteligência"? Não: se essa história segue a realidade que vivemos dia-a-dia na escola, o problema começou bem antes, ainda na infância, certamente no Ensino Fundamental.

Muitos adultos podem ficar surpresos, mas a verdade é que as principais características – domínio de certos conteúdos, posturas, habilidades e competências – que interferem na realização acadêmica e profissional hoje são construídas nos primeiros anos de vida escolar, pela escola e pelos pais, como veremos.

É verdade: um bom Ensino Médio é fundamental para que se possa cursar uma universidade "de 1ª linha". Se o aluno não freqüentar um colégio que lhe dê uma sólida base acadêmica, ele não conseguirá ser bem-sucedido na universidade. Mas também não terá condições de cursar um Ensino Médio adequado (com absoluta certeza), se não puder desenvolver desde cedo dois traços aparentemente contraditórios – disciplina e curiosidade.

A disciplina

Uma boa escola de Ensino Fundamental leva o aluno a ser um aprendiz disciplinado. Isso tem um grande significado, muitas vezes ignorado por famílias e educadores.
Um indivíduo disciplinado não é aquele que aceita regras sem opor contestações, como se acreditava há décadas. Por disciplina, entenda-se a capacidade de adiar gratificações, de fazer efetivamente o que precisa ser feito no momento adequado.
No mundo dos adultos, há um paralelo óbvio. Se precisamos trabalhar, trabalhamos, não vamos à praia, nem dormimos. Para um adolescente, por exemplo, há milhões de prazeres que concorrem com o dever de estudar – namorar, sair com amigos, falar ao telefone, ver televisão...

É uma dificuldade humana aceitar que a vida nos impõe a dicotomia entre o tempo curto (o imediato, o agora) e o tempo longo (aquilo que temos de conquistar passo-a-passo para que nosso futuro seja melhor). Até por isso, faz parte dos objetivos da Educação formar indivíduos capazes de superar o imediatismo e de ter metas a longo prazo.

No cotidiano do estudante, a disciplina também implica outras posturas que interferem diretamente no aprendizado. É o caso da organização do material de estudo, da concentração para assistir às aulas... É o caso também da capacidade de seguir instruções orais e escritas com método e independência, e de persistir frente às dificuldades, sem medo de fracassar.

Vale lembrar também que não há disciplina que resista ao sentimento de fracasso, de não-aceitação. Por isso, a escola e a família precisam fortificar a auto-estima do aluno, a certeza de que ele é, sim, capaz de superar dificuldades – empenhando-se, buscando auxílio com os companheiros, pais e professores.

A curiosidade

Ótima parceira da disciplina, a curiosidade impulsiona os avanços humanos. Pois "curiosidade" não é só uma característica pueril, como nossos avós pensavam. É a nossa capacidade de explorar o mundo que nos cerca, de fazer perguntas.

Muitas escolas ainda acreditam que ensinar é uma transferência de conhecimento de quem sabe para quem não sabe. Estas eliminam a possibilidade de formar alunos curiosos: não querem realmente que o aluno pergunte; querem que ele repita.
De forma simplificada, é preciso entender que "ensinar" é partir de hipóteses que o aluno já traz consigo para levá-lo (por meio de problematizações) a construir novos conhecimentos. É assim que todos aprendemos – confrontando as idéias que tínhamos com as que nos são apresentadas.

Por isso, manter alunos acesos e interessados é essencial. Na nova sala de aula, o trabalho intelectual não é prerrogativa do professor, mas um exercício comum a todos. Ao estar atento à aprendizagem, o aluno passa a valorizar o conhecimento e a ter o compromisso de aprender. Mais: aprende a admirar e a respeitar o mundo dos conceitos, do pensamento, das idéias.

O aluno que aprende a conciliar curiosidade e disciplina já no Ensino Fundamental certamente irá longe em sua escolaridade futura, pois adquiriu diversas habilidades essenciais.

Colégios com sólida base acadêmica exigem esse repertório e certa autonomia para aprender, pois o Ensino Médio demanda maior densidade de conteúdo, abstração e precisão de linguagem, em todas as disciplinas.

Da mesma forma, dispor de tais instrumentos será determinante para o futuro universitário e para o profissional do século XXI.

Como já se disse, aquilo que usualmente se chama de sucesso é composto de inspiração e também de muito trabalho. Na linguagem dos jovens, de paixão, sim, mas de muita transpiração.

OS PAIS E A FORMAÇÃO DE UM BOM ALUNO

Para a formação de um bom aluno, a família é tão ou mais importante do que a escola. Afinal, a Educação não se resume ao ensino formal, mas ao desenvolvimento integral, o que inclui os valores morais, as atitudes, o equilíbrio emocional, entre outros fatores. Antes de mais nada, os pais devem estar conscientes de que são os reais modelos de comportamento ético e moral dos filhos.
Mais do que conversar sobre esses princípios, deve-se demonstrá-los no dia-a-dia.

Eis algumas sugestões que certamente vão colaborar para a formação de melhores estudantes.

• Valorize o conhecimento, concretamente, dentro de casa. Um lar sem livros e leitores provavelmente não é um lar que valoriza a cultura.
• Realce a auto-estima de seus filhos com atenção e cuidado. Serão assim mais confiantes e serão capazes de resistir à pressão negativa dos grupos.
• Ensine-os a assumir a responsabilidade do que fizeram: arcar com as conseqüências naturais dos atos os estimula a desenvolver responsabilidade.
• Valorize o aprendizado permanente. Mostre que estamos sempre aprendendo e nos desenvolvendo, dizendo inclusive: "não sei, vamos descobrir juntos".
• Use apenas o melhor da TV. Deixe-a desligada o resto do tempo. Habilidades importantes são desenvolvidas na conversa, no jogo, na brincadeira. Faça isso com seus filhos.

Da mesma forma, para que se formem estudantes saudáveis, a relação entre a família e a escola deve ser cultivada. As crianças e os pré-adolescentes necessitam que os pais demonstrem interesse pelo que acontece na escola, pelo desenvolvimento alcançado, pela produção do aluno.

Por isso, é muito positivo:

• acompanhar a vida escolar, informando-se sobre o desenvolvimento do aluno por fontes de informação fornecidas pela escola.
• participar dos eventos da escola (reuniões, mostras de trabalhos e eventos culturais).
• trabalhar cooperativamente com os professores. Visitar e comunicar-se com a escola, conhecendo o que pode ser feito em casa para melhorar a condição de aprendizagem de seus filhos.
• incentivar os filhos a utilizar diferentes fontes de informação (livros, enciclopédias, eletrônicas ou não, Internet, entrevistas) nas pesquisas solicitadas.
• ler com eles e para eles: ler em voz alta faz com que compreendam a língua escrita, sua estrutura, seu vocabulário. 
• enfatizar que não há campo de estudo inútil. Todos são fundamentais, seja por seu conteúdo, por desenvolver o raciocínio ou por ampliar sua visão de mundo. 


www.escolamobile.com.br/artigos/formação.htm
Refletindo sobre Educação. São Paulo: Móbile, 4 (3), setembro 1999.




* Diretora Geral do Colégio Móbile, Doutora em Psicologia
Leitura cura tudo
Por Gabriel Perissé

Leitura cura tudo. É bom para tudo, tudo ajuda, faz de tudo.
Trabalha todas as dimensões intelectuais. Exercita a atenção, a memória recente, a conexão entre fatos e experiências passadas, a linguagem, a imaginação, a capacidade de prever, a capacidade de interpretar, a intuição.
A leitura nos cura do dogmatismo e do ceticismo, do medo e da temeridade, do sentimentalismo e da insensibilidade, da falta de assunto e da verborragia, da indecisão e do fanatismo, da arrogância e da timidez.
Leitura faz bem para os músculos, para os ossos, para os olhos, para os ouvidos, para a queda de cabelo, para os rins, para os intestinos, para as juntas, para as costas, para as pernas, para os pés, para as mãos, para os dedos, para as unhas, para tudo.
Ler resolve problemas de visão, de solidão, de falta de recreação, de impotência, de sonolência, de implicância, de amargura, de cabeça dura, de alergia a fritura, de incultura, de postura, melhora a temperatura, aumenta a estatura, cola as fissuras, cura qualquer gastura, queima todas as gorduras.
Durante a leitura o leitor esquece as torturas da vida, recupera o amor à vida, dá vida a novas idéias, revive vidas passadas, prevê vidas futuras, comunica vida à vida mesma.
A cada leitura o leitor sai de si, reencontra-se, dá a volta ao mundo, mergulha oceanos, perfura a terra, entra em órbita, engole nuvens, desafia o Sol, abraça a lua... E tudo isso sem sair do lugar.
O leitor que lê bebe o leite, bebe o vinho, bebe o café do vizinho, bebe a cerveja, bebe de todos os rios, bebe cicuta, bebe uísque, bebe muito, bebe e cala, bebe e ouve, bebe tudo e continua sóbrio.
Leitura, sobretudo, é remédio para todos os males.
Cura dor de cotovelo, dor aguda, dor cansada, dor surda, dor crônica, dor romântica, dor poética, dor dramática, dor trágica, dor da mente, dor demente, dor da alma, dor de barriga, dor de cabeça, dor de dente, dor de peito, dor que nada respeita, dor difusa, dor confusa, dor fantasma, dor fina, dor grossa, dor incausada, dor ousada, dor para todos os gostos e lamentos.
Leitura cura tudo. E, claro, cura até mesmo o maior de todos os problemas. Cura a própria falta de leitura! Quem lê torna-se incuravelmente leitor. Isto afirmo sem o menor exagero.
Gabriel Perissé é doutor em educação pela USP e escritor.
Publicado originalmente em www.correiocidadania.com.br
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Retrato do abandono - Educação 


Um estudo publicado pela UNESCO denominada Um olhar para o interior das escolas primárias, comparou dados de diversos países, entre eles os relacionados às condições de ensino. Segundo o informe, em quase 12% das escolas não há lugares suficientes para os alunos se sentarem. O estudo diz textualmente que, no Brasil, praticamente 50% das crianças do 1º ao 5º ano que estudam em escolas da zona rural e quase 25% das escolas urbanas têm aulas em edificações consideradas ruins.
Esta foto me foi mandada pelos professores da cidade de Senador José Porfírio, município de 14.300 habitantes, localizado na região oeste do Pará. É um retrato fiel do caos da educação brasileira, especialmente a que é oferecida nos pequenos municípios e, em especial, na área rural.
O município de Senador José Porfírio possui um IDEB para os anos iniciais de apenas 2,2 (média nacional de 4,2) e de 3,2 para os anos finais. Possui 17 escolas, sendo 12 na área rural, muito semelhantes a que a foto reproduz.
É um exemplo de que não basta o acesso. Pelos dados disponíveis nos portais do MEC e do INEP podemos aferir que 14,2% das crianças entre zero a três anos e 66% das crianças de quatro e cinco anos estão na escola. O acesso ao ensino fundamental está quase universalizado naquele município.
A reprovação chega a 35,7% na área rural nas primeiras séries. Isso sem falar que 31,7% dos maiores de 15 anos são analfabetos.
A pergunta merece resposta das autoridades educacionais: em que condições estamos universalizando o ensino fundamental? Em que condições estão sendo acolhidas as crianças da educação infantil?
Recuso-me a denominar de escola o que as fotos (sim, existem outras tão esclarecedoras do abandono como esta que reproduzo!) retratam. Uma “escola” desprovida de quaisquer condições de funcionamento e inadequada para o exercício do magistério.
Com este “padrão de qualidade” é impossível que nosso país consiga melhores resultados nos indicadores internacionais, ficando sempre disputando as últimas posições com os países mais pobres do mundo.
*Luiz Araújo é Professor, mestre em políticas públicas em educação pela UnB. Secretário de educação de Belém (1997-2002). Presidente do INEP (2003-2004). Assessor de financiamento educacional da UNDIME Nacional (2004-2006). Assessor do senador José Nery (PSOL-Pa). Consultor na área educacional.
O professor Luiz também tem um blog onde publica textos relacionados ao tema educação. Acesse e faça seu comentário: http://rluizaraujo.blogspot.com

O professor Luiz também tem um blog onde publica textos relacionados ao tema educação. Acesse e faça seu comentário: http://rluizaraujo.blogspot.com/


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Os professores e a violência na escola 


Dra. Carolina Lisboa
A Psicologia hoje ultrapassa as fronteiras dos consultórios. O paradigma da Psicologia Positiva, por exemplo, estuda a saúde (e não a doença) com o objetivo de favorecer a promoção do bem-estar mental individual e coletivo. Nesse contexto, o interesse pelas interações nas escolas fascina e desafia os psicólogos. Para aproximar-se destas relações, é fundamental compreender quem é e o que pensa o professor.
Apesar de não ser o único responsável, o docente às vezes é encarregado de muitas funções e culpado pela maioria dos problemas. Por estas razões, estudos revelam que os professores têm sido muito atingidos pelo desgaste emocional. Este esgotamento está relacionado, em grande parte, a atribuições e cobranças inadequadas ou excessivas.
Outro problema atual é o que não há mais uma delimitação clara dos papéis sociais como no passado. Isso gera confusões entre as obrigações de pais e professores. Os professores se angustiam em não conseguir atender às solicitações, não se sentem apoiados pelos coordenadores e, assim, podem manejar inadequadamente os conflitos, justamente em um momento em que se observa uma escalada da violência nas escolas. A violência nesses locais (sob a forma de bullying, assédio moral, etc.) dificulta o ensino e a aprendizagem, afeta as relações éticas, a moralidade dos jovens, exigindo dos professores formas de resolução de problemas hábeis e imediatas.
Neste sentido, o Grupo de Pesquisa sobre Comportamento Agressivo e Violência do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Unisinos desenvolveu um projeto de pesquisa que investigará a percepção dos professores sobre a violência na escola, clima social escolar (hierarquia, normas, cultura da instituição) e a relação desses aspectos com a Síndrome de Burnout (relacionada a estresse).
Trata-se da dissertação de mestrado da psicóloga Evandra Cardoso, sob minha orientação. O estudo é inovador no Brasil ao investigar a percepção dos docentes acerca do clima social escolar. A verificação da correlação entre estes aspectos é também inédita em pesquisas. Acredita-se que a percepção negativa de um clima social institucional, relacionada à violência neste contexto, pode ser uma das causas que deixa professores mais vulneráveis, apresentando dificuldade de manejo com conflitos.
Com os resultados obtidos, pretende-se desenvolver intervenções em escolas, baseadas na psicoeducação, enfocando a resolução saudável de conflitos. Nosso interesse é também sensibilizar a comunidade e os governos para desenvolver políticas públicas que atendam o professor, seu importante trabalho e sua saúde.
*Professora e Pesquisadora do Programa de Pós-Gradução em Psicologia – Mestrado em Psicologia Clínica – Unisinos - Membro do Grupo de Pesquisa sobre Comportamento Agressivo e Violência (CNPq)


Muito mais no site: http://www.sinpro-ba.org.br
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EDUCAR HOJE  


"Os nossos meninos não são os de antes...
Trocaram os brinquedos de madeira pelos sofisticados brinquedos de luzes e sons,
Que só com o simples toque numa tecla fazem aparecer o mundo
Fantástico da eletrônica.
As educadoras não são as de antes...
Fotocopiam, ampliam, colam papéis de texturas maravilhosas e
Reconstroem pegadas de animais pré-históricos só com o
Simples fato de misturar água e gesso...
Mas há coisas que não mudam que o tempo e os anos respeitam...
O olhar de uma criança de mão dada com a sua educadora
E o contacto silencioso, caloroso, são sinais entranhados de um código único,
De um sentimento de profunda amizade.
Uma criança e a sua educadora... São capazes de tudo!
Podem passar horas juntas escutando cantigas, resolvendo problemas com caricas e pauzinhos
ou simplesmente a brincar com a imaginação...
Podem fazer as maiores invenções e tentar salvar o mundo
Plantando uma árvore.
Não são as crianças de antes...
As educadoras e educadores não são os de antes...
O mundo não é o de antes...
Mas há coisas que não mudam...
A capacidade de deslumbramento, a força da natureza,
o olhar de uma criança e o carinho de um(a) educador(a)
Que se entrega sem condições, dia-a-dia, que sonham e trabalham juntos
Por um mundo melhor, com um código único,
Eterno, poderoso, indestrutível: O de uma profunda amizade"

Cecilia Sabbatini
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DIA NACIONAL DO LIVRO

Dia 18 de Abril é o Dia Nacional do Livro Infantil. É a data de nascimento de um dos principais escritores de literatura infantil do Brasil, Monteiro Lobato! Ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperou os costumes e lendas do folclore nacional. E não parou por aí, misturou todos eles com elementos da literatura universal, da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema.

Ler um livro de Monteiro Lobato ou qualquer outro é entrar em um mundo novo e explorá-lo! Pois é, o livro é mágico por isso, nos permite viajar para lugares inacreditáveis e não queremos mais parar.

Se você ainda não mergulhou nas aventuras mágicas do livro, indicamos alguns escritores brasileiros para você começar: Ziraldo, Monteiro Lobato e Ruth Rocha.

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                                       ARTIGO

Família e Escola: Parceiras na Busca do Sucesso do Adolescente dentro e fora do Espaço Escolar
Airí Brandão*
                                                                                                                                      Joanice Bezerra**
 
A adolescência, etapa do desenvolvimento humano de transição entre a infância e a idade adulta, é caracterizada pelas transformações dos indivíduos nos aspectos físicos, sociais e culturais influenciado pelo   meio ao qual pertence.
Percebe-se que a geração atual de adolescentes constitui seus próprios hábitos e anseios, baseados na era da informação, dos meios de comunicação mídiaticos, de novas formas de relacionamentos mediados por ferramentas como a internet, que interferem nas suas formas de pensar exteriorizadas por comportamentos, na maioria das vezes, diferentes dos comportamentos de seus pais cuja figura paterna era extremamente respeitada devido aos valores familiares, atualmente divergentes entre pais e filhos, gerando incompreensão e conflitos de ambas as partes. Para Forbes (2003), “o adolescente atual não responde à ética do dever como os adultos, de hoje, responderam no passado, mas à ética do desejo.” É esse desejo de estar inserido no grupo social idealizado que faz com que o adolescente consuma pelo prazer e pela simples vontade de ter e não de ser.
Além do consumismo, o adolescente apresenta outras características próprias da sua fase de transformação que requer dos pais compreensão, diálogo, apoio e buscas de alternativas para lidar com tão sérias e pertinentes questões, tais como: necessidade de seguir padrões da moda e estéticos; instabilidade de humor; desânimo para realizar tarefas escolares e domésticas; afastamento e independência dos pais, no sentido de distanciar-se da infância, atitudes consideradas pelos pais como rebeldes; questionamento a tudo e a todos devido à grande necessidade de auto-afirmação da sua personalidade.  
Assim, os pais, visando sanar e atender às necessidades dos filhos pertencentes a essa nova geração, passam a fornecer tudo o que é exigido pelos adolescentes, incentivando-os à reprodução de idéias e comportamentos repetidos, copiados de determinados grupos dominantes que massificam, dificultando  o desenvolvimento do autoconhecimento e do livre arbítrio desses jovens, fundamental para a formação de adultos seguros e capacitados a superar desafios e encontrar soluções para vencer os obstáculos que surgirem ao longo da vida. 
         A Revolução Industrial despertou nas pessoas a necessidade de aumentar a renda familiar e, conseqüentemente, obrigou-as a participar de uma sociedade competitiva e seletiva a fim de conquistar o seu status social.
          Nesse contexto, a liberação da mulher, até então mãe e dona-de-casa, permite a sua inclusão no mercado de trabalho deixando a prole em creches, instituições ou sozinhas no lar. A luta pelo ter e pelo ser começa a gerar transformações sociais levando os pais a preencherem suas ausências com objetos, cursos particulares, reforços escolares, para aqueles de poder aquisitivo mais alto, ou entregando-os às instituições, vizinhos e/ou outros adolescentes, gerando situações de estranhamento entre os membros familiares.   
          Educar hoje um adolescente exige uma revisão nos valores, crenças e sentimentos pessoais, conhecimento desse “mundo tecnológico e moderno” que nos rodeia além da conscientização das mudanças sofridas pelo sujeito nessa fase de transição, condições favoráveis para o seu desenvolvimento emocional e para a busca da sua identidade.
         Sendo assim, a família, célula-mãe da sociedade e primeira instituição responsável pela criança e pelo adolescente, em parceria com a escola, irão contribuir para a formação de um sujeito ativo, tranqüilo e seguro do papel social que lhe é atribuído através da conscientização da sua capacidade e condição emocional, cognitiva e relacional. 
Vale ressaltar a importância do papel social da escola na formação desses indivíduos carentes de compreensão, atordoados por tantas transformações, cheios de cobranças e de medos de errar, de não corresponder às expectativas de pais e professores que exigem respostas positivas para suas ações educativas sem, às vezes, perceber as peculiaridades de cada ser em formação.
        Nesse momento de grandes descobertas, de recursos variados, de estudos sobre educação e aprendizagem deparamo-nos com sérios problemas que provocam fracasso escolar referendados por dados que comprovam evasão, repetência, descaso, indisciplina, não cumprimento das tarefas por parte dos educandos que exigem atitudes renovadas dos educadores que precisam conhecer as dificuldades enfrentadas por eles buscando alternativas para minimizar ou solucionar o problema a fim de evitar ou prevenir resultados que gerem baixa auto-estima em todos os envolvidos no processo educacional.
      Conhecer as causas que levam ao fracasso escolar nas crianças e adolescentes fortalece as ações do educador que busca parcerias com o grupo familiar e com o grupo de profissionais especialistas, tais como psicopedagogos, psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos e outros de áreas afins, recorrendo aos serviços de orientação nas instituições públicas na falta de recursos privados para tal, propicia maior segurança na conquista de resultados positivos no processo.
       Identificar as alterações afetivas, emocionais e relacionais, as dificuldades na leitura (dislexia),na escrita (disgrafia), na matemática (discalculia), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), TDA (Transtorno do Déficit de Atenção), fatores que interferem na aprendizagem do educando, bem como as necessidades especiais físicas, mentais ou sensoriais pode  despertar e sensibilizar o educador que passa a ter um novo olhar sobre o sujeito aprendente, capaz de desenvolver suas competências e habilidades dentro de suas especificidades, na infância ou na adolescência.
       Segundo Chalita (2001) “Ao estar mais integrados com a escola, os pais podem deixar de ser críticos contumazes e passar a defender a instituição em que os filhos estudam”, portanto convidar a família para participar do processo educativo nas apresentações de projetos elaborados pelos alunos, nas reuniões de esclarecimentos das regras da instituição, promover debates e palestras sobre adolescência, sexualidade, relacionamentos, mídia e outros temas atuais, incentivá-la na ajuda das tarefas de casa, nas pesquisas enfim, envolver os responsáveis pelo educando são recursos que facilitarão a tarefa do educador que irá sentir-se mais seguro, visto ter suas atribuições divididas e, conseqüentemente, mais condições para envidar esforços nas atividades apropriadas ao contexto escolar.
Sendo assim estimular, apoiar, acreditar, respeitar, exemplificar, disciplinar e amar são algumas ações que devem unir família e escola na busca do sucesso escolar dos educandos que precisam estar preparados para vencer os grandes desafios que a contemporaneidade exige de cidadãos autônomos, pensantes, atuantes e transformadores da sociedade na qual estão inseridos. 

* Licenciada em Sociologia pela UFBA, Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional
** Licenciada em Letras pela UFBA, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
Referências Bibliográficas:

CHALITA, Gabriel. Educação: a Solução está no Afeto. São Paulo: Editora Gente, 2001, 1ª edição, 2004 edição revista e renovada. 
 FAGUNDES, Tereza Cristina Pereira Carvalho (2010).Adolescência: Aspectos Bio-Psicológicos.   Apostila de uso interno do curso de Pedagogia. Salvador: Universidade Salvador. 
FAGUNDES, Tereza Cristina Pereira Carvalho e TORRES, Cláudia Regina Vaz (2010).Adolescência: Aspectos Socioculturais. Apostila de uso interno do curso de Pedagogia. Salvador: Universidade Salvador.
OLIVEIRA, Renata Lúcia e Silva e (2010). A Família, a Escola e o Fracasso Escolar: Tipos de Problemas e Alternativas de Intervenção. Apostila de uso interno do curso de Pedagogia. Salvador: Universidade Salvador.
 VITA, Cláudia Perez de Andrade (2010). Os Distúrbios de Aprendizagem e suas Repercussões em Sala de Aula. Apostila de uso interno do curso de Pedagogia. Salvador: Universidade Salvador.
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Educação a Distância no Brasil
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 09:14 hs.

04/06/2010 - Com mais de um milhão de pessoas formadas pela EaD, do ensino básico ao superior, o Mec vem tratando essa modalidade de ensino com atenção distinta. Pois a demonstração do caráter inclusivo dessa educação não-formal, pode propiciar uma gama dos mais variados cursos, proporcionando a democratização educacional.

Os autores nos contam que o primeiro curso de graduação a distância no Brasil foi desenvolvido pela Universidade Federal do Mato Grosso, e se iniciou com o uso de material impresso e tutores a distância e somente a partir do ano de 1995 que iniciou a implementação da internet nessa modalidade.

Contudo, foi nos anos de 1996 e 1997 que a EaD teve grande impulso no Brasil, com a organização de vários laboratórios de ensino a distância, num ambiente de aprendizagem online com maiores recursos. Muitas foram as instituições que desenvolveram cursos de EaD, e dessas, várias ofereciam, seu próprio ambiente, disponibilizando gratuitamente para qualquer pessoa que quisesse organizar um curso (PUC-Rio, PUC-Paraná). Além dessa instituições, no final dos anos 90 importante consórcios universitários foram criados a fim de organizar cursos a distância dedicados a formação de professores: CEDERJ, UNIREDE, IUVB.BR e VEREDAS.

Vale lembrar que esses cursos têm o diploma validado pelo MEC, garantindo pleno funcionamento da EaD pela lei 9.394/96, que veio regulamentar o decreto 5622 de 19 de novembro de 2005 estabelecendo a validade nacional dos diplomas e certificados sem distinção dos cursos presenciais, porém, o curso de EaD deve estar em conformidade com os referenciais de qualidade.

Dentro dos requisitos básicos para se propor um projeto de EaD precisa-se encontrar: compromisso dos gestores, desenho do projeto, equipe profissional multidisciplinar, comunicação/interação entre os agentes, recursos educacionais, infra-estrutura de apoio, avaliação contínua e abrangente, convênios e parcerias, transparência de informação, sustentabilidade financeira entre outros que garantam a especificidade da clientela e da instituição.

Já fazem mais de 100 anos que a EaD se instalou no Brasil, mas seu impulso aconteceu com o desenvolvimento das TICs, que alavancou essa modalidade de ensino.

Segundo a pesquisa dos autores, a percentagem quantitativa de alunos e instituições por região, de alunos que já fizeram algum tipo de curso a distância são: Sudeste estão 53% dos alunos e 54% de instituições de EaD, seguidos da região Sul, com 17% e 37% respectivamente, Nordeste, com 18% e 6%, o Centro-Oeste, com 7,6% e 11,4% e, por último a região Norte, com 3,7% dos alunos e 6,6% das instituições. Isso nos sugere que temos muito ainda que ampliar em termos extensão de ensino.

Dados preocupantes são analisados pelos autores onde afirmam que segundo o censo de 2003, dos 2.122.973 professores que atuam na educação básica, 753.905 não possuem Ensino Superior, o que nos mostra que a EaD no Brasil é um anódino para os tantos profissionais que não freqüentaram a educação formal.

As estatísticas demonstram a importância que tem os cursos a distância na formação dos professores, principalmente no que diz respeito a licenciatura, que são promovidos pelo MEC. Um dos programas criados pelo MEC tem como destaque a Universidade Aberta que é um sistema nacional de educação superior com os objetivos de garantir cursos de formação gratuita a cidades que não tem ofertas de graduação superior, democratização, expansão, desenvolvimento de projetos de pesquisa e de metodologias inovadoras de ensino, preferencialmente para a área de formação inicial e continuada de professores da educação básica.

Segundo as pesquisas dos autores, a regulamentação e definições de políticas nacionais, desenvolvimento de programas de formação de equipes multidisciplinares para EaD e desenvolver, avaliar e validar um sistema consistente de acompanhamento, avaliação e validação de proposta pedagógica de EaD, são urgentes e necessárias pois elas são as três frentes que repercutem internamente nas instituições.

Ainda, a de se ressaltar que diante da situação em relação a docência mediada nos cursos a distancia é preciso desenvolver métodos que garantam a eficiência do curso, para isso tem que se preocupar com metodologias pedagógicas específicas que venham corresponder a escolha do cursista, no que diz respeito aos ambientes virtuais e seus múltiplos recursos.

Contudo, não podemos deixar de lado as questões didáticas e o desenvolvimento particular de cada cursista, uma vez que este pode diferenciar, pois se dão em tempo e espaço distintos.

Contudo, apesar de toda a estrutura de ensino, a EaD no Brasil é uma modalidade muito recente e ainda desejosa de criações metodológicas diversificadas e fazendo-se necessário estudos e criatividade para implementar o curso a distância.

Por outro lado, mesmo sabendo do grande avanço que a EaD tem conquistado, ainda é grande o número de professores sem licenciatura e pessoas sem graduação. Talvez por conta da cultura de resistência ainda existente contra a educação a distância ou por não se de inteiro acesso as pessoas que mais precisam.

Outro fator, que ainda deve ser ressaltado, são as questões de ordem regional, pois as que mais precisam são as menos favorecidas pela EaD, ou seja, regiões que o acesso a um curso superior ou mesmo de formação continuada são mais difíceis a EaD também não chegou de forma expansiva. O que vem nos chamar a atenção, pois esse é um dos objetivos da EaD.

Enfim, a Educação a Distância no Ensino Superior no Brasil é preconizado àqueles que necessitam fazer uma abordagem analítica da atual situação da Educação a Distância no Brasil, pois nele podemos verificar os dados existentes sobre essa modalidade de ensino e fazer uma análise do papel de democratização do conhecimento e o retorno as urgentes necessidades educacionais no Brasil, ainda, o texto preocupa-se com a aproximação e apropriação dos participantes na construção de opiniões elaboradas por meio do contato com novos conceitos e, a partir disso, considera que eles aprendem a inferir e interferir em seu contexto.

postado por Profª Bia

Fonte: Abril.com

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